PUBLICAÇÃO

A Escola São Paulo de Ciência Avançada Amazônia Sustentável e Inclusiva uniu pesquisadores e instituições de diversas regiões do mundo para pensar o desenvolvimento sustentável, a conservação e a inclusão social na região.  Seu principal objetivo foi promover uma abordagem interdisciplinar para jovens pesquisadores envolvidos com a Amazônia, destacando a importância da ciência e, ao mesmo tempo, valorizando o conhecimento indígena e tradicional na abordagem dos desafios históricos da região. Os resultados desse processo culminaram no livro "Diálogos Amazônicos: contribuições para o debate da sustentabilidade e inclusão", agendado para lançamento em 14 de novembro de 2023, com acesso gratuito em português, espanhol e inglês. Entre as questões enfrentadas no livro estão os desafios e as oportunidades para zerar o desmatamento na região.

 

Impulsionados pela proposta do atual governo federal de zerar o desmatamento na Amazônia brasileira até 2030, os autores apresentam uma estratégia para avaliação de desafios e oportunidades para atingir tal objetivo a partir das lições aprendidas com a implementação do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) e o orçamento previsto para a agenda ambiental para os próximos anos.

 

Para Lucas Ferreira Lima, Pesquisador Colaborador do Instituto de Economia da UNICAMP, “o maior declínio anual do desmatamento ocorreu durante as primeiras duas fases do PPCDAm, entre 2OO5 e 2O12, com uma média anual de redução de 19%”. O autor ainda destaca que “o orçamento efetivamente realizado atingiu R$ 8,2 bilhões”.

 

Os resultados obtidos sugerem que as ações de combate ao desmatamento devem ser realizadas de acordo com as características fundiárias das áreas desmatadas, priorizando principalmente a destinação de terras públicas, que atualmente abrigam 51% das taxas de desmatamento. Ainda, indica-se que o desmatamento em assentamentos e em propriedades rurais devem continuar a ser controlado, principalmente, por meio de estratégias de comando e controle (top-down), aliado a incentivos ao reflorestamento agroflorestal e desenvolvimento de cadeias bioeconômicas locais.

A proposta dos autores foi a construção de uma ferramenta de compreensão analítica capaz de contribuir com ações concretas em diferentes escalas, urgências e intensidades de intervenção para o alcance do objetivo de Desmatamento Zero até 2030.

 

A proposta teórico-metodológica “partiu da identificação de mecanismos prioritários de combate ao desmatamento, como identificação das Unidades de Conservação e Territórios Indígenas que concentram os maiores índices de desmatamento, assim como em Terras Públicas Não Destinadas (curto prazo: 2O23-2O25), passando pela regularização e fiscalização do Cadastro Ambiental Rural - CAR (médio prazo: 2O25-2O28), até as estratégias para mitigar o desmatamento legal, tais como propostas de restauração florestal, uso de fundos internacionais, bioeconomia e soluções baseadas na natureza (longo prazo: 2028-2030)”, conclui Lucas Lima.

 

Link para acesso gratuito à Coletânea: https://spsas-amazonia.biota.org.br/pt/ebook-pt/

 

Sobre a Escola São Paulo de Ciência Avançada Amazônia Sustentável e Inclusiva

A Escola faz parte das diversas ações da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) junto à Iniciativa Amazônia +10 , que reúne as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa de  25 Estados brasileiros, sob a coordenação do  Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para apoiar a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico da região. A publicação reforça a importância dos esforços de inclusão, a colaboração interdisciplinar e a integração de conhecimentos para enfrentar os complexos desafios da região amazônica.

 

“Os trabalhos produzidos, compilados e organizados nesta publicação são o resultado da combinação de experiências anteriores, conhecimentos e lições aprendidas - individual e coletivamente. Refletem, portanto, o aprendizado e amadurecimento dos participantes”, avalia Carlos Joly, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, um dos coordenadores da proposta. A Escola contou com a participação de 88 jovens pesquisadores, todos envolvidos em pesquisas na Amazônia, sendo 60% brasileiros e 40% de  países amazônicos como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Suriname, Venezuela e extra-amazônicos como Guatemala, México, Estados Unidos, Itália e Países Baixos. 

O livro é composto por 10 capítulos que abordam diferentes problemas da região e trilham caminhos para análise, tomada de decisão e de ação. Os capítulos são organizados em três sessões: a primeira destinada à análise dos vetores de degradação e impactos de larga escala na Bacia Amazônica; a segunda sessão versa sobre a inclusão e diversidade cultural na Bacia Amazônica, tanto no nível local como no transnacional; e a terceira analisa os aspectos relacionados à governança local, participação e transdisciplinaridade.

Para Nicolás Cuvi, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais do Equador e um dos professores convidados, “as transições para uma sustentabilidade forte exigem pensar fora da caixa e com criatividade. Os artigos apresentados neste livro analisam e questionam as tensões da região e apontam ações para orientar direções inclusivas, pacíficas e sustentáveis”.


Lançamento do livro no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=aVDntQsAwn4