NOTA DO CECON #13
André Biancarelli, Renato Rosa, Rodrigo Vergnhanini
Como discutido em nota anterior, os contornos dramáticos da coronacrise se veem reforçados pelo fato desta ser ao mesmo tempo uma crise doméstica e da economia internacional. Praticamente todos os países do globo sofrem com a paralisação de suas atividades econômicas, ao mesmo tempo que começam a experimentar as consequências de um colapso histórico nas relações internacionais. A forte contração do comércio internacional, a queda de mais de 30% em média nos preços de commodities e o mais intenso sudden stop já verificado nos fluxos de capital (especialmente para os países periféricos), sintetizam o quadro adverso.
Divulgadas na última semana de abril, as estatísticas do setor externo da economia brasileira permitem completar aquela análise com os primeiros sinais dos impactos da crise no Brasil, por estes canais. Nas páginas que se seguem, procura-se argumentar que esses impactos iniciais: i) foram como esperados muito mais rápidos e intensos na Conta Financeira (que experimenta uma fuga de capitais sem precedentes, concentrada em Investimentos de Carteira) do que nas Transações Correntes (que tendem a se ajustar e caminhar em superávit mesmo com as dificuldades das exportações); ii) melhoram as condições patrimoniais – posição externa líquida, indicadores de endividamento, solvência e liquidez – por conta principalmente da composição dos passivos externos do país; e iii) acentuam a principal ameaça à situação externa da economia brasileira – a perda acelerada de reservas internacionais – seja pelo próprio fluxo de divisas, seja pela postura do Banco Central no mercado de câmbio.
Como hipótese preliminar, tão provisória quanto tudo que pode ser dito sobre atualmente sobre o mundo em pandemia, pode-se dizer que no Brasil os problemas internos da coronacrise tendem a ser mais importantes para determinar a profundidade da tragédia econômica do que as adversidades vindas de fora. Porém, dado o ritmo da fuga de capitais e sua consequência imediata – a perda de reservas – toda cautela seria pouca também com a dimensão externa, obviamente. A postura do governo brasileiro, no entanto, como de resto nas outras dimensões da crise, só permite antever o agravamento, e não a atenuação, das dificuldades.
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